Ontem fomos ao show da Lauryn Hill aqui em Florianópolis. Depois de uma acesso complicado ao local do evento, com muitas filas, cambistas pé no saco, e empurra empurra para entrar, conseguimos chegar sem escoriações.
Entramos bem no inicio do show de abertura. Negra Li e sua banda fizeram uma apresentação pouco consistente, indecisa entre o pop e o rap periférico que marcou seu debut na música. Com o som mau regulado o show não convencia, e quando, já na terceira musica ouvi um cover do Charlie Brown Jr (?!?) resolvi mudar o foco da minha atenção. Entre pop para meninas de piastra, rap para manos, covers de gosto duvidoso e até um pôperô, Negra Li, apesar de sua competencia técnica, mostrou que precisa decidir aonde levar sua aventura musical.
Fim da abertura, segue a noite. Enquanto preparavam o palco para atração principal, o Dj embalava o pessoal ao som do sempre bom Sabotagem. Bom enquanto durou, porque o pessoal da rádio que promovia a noite colocou ao nosso dispor um mestre de cerimônias, que, sem cerimonia alguma falava mais que fofoqueira do interiorrr e jogava insistentemente camisetas ao público. Lamentável. E a qualidade do som continuava estranha. Onde estaria o técnico do P.A?
Quando todos os caminhos levavam para uma noite pouco aprasível, eis que chega o momento esperado: Lauryn Hill entra ao palco exalando energia em sincronia com sua excelente banda - com dois baxistas ao estilo do reverendo James Brown - prometendo colocar a casa abaixo.
"Vibe" pura pulsando enraizada no Parliament Funkadellic de George Clinton e afins, a versão 2010 de Lauryn Hill é funky sem desodorante, é visceral. Postada em semi circulo e interagindo com seus músicos, os primeiros vinte minutos seguem intensos. We got new stuff - avisa a musa negra, e o pau come direto! Muito som para iniciados no universo funk soul, muita alegria aos meus ouvidos. Mas o que era um deleito para alguns, parecia não contaminar o grande público ansioso pelos sucessos radiofonicos de antes. Sim, ela tocou alguns de seus antigos trabalhos, mas os mostrou em versões repaginadas inspiradas.
Quando percebi que as patricinhas de salto alto já deixavam o local resmungando, veio a última meia hora do show. Dançante e sincero como um bom show deve ser, pautado na expressão artistica de um grande nome da música mundial, agora focado em seu âmago e talento.
Muitos não acharam graça, mas a Lauryn Hill.
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