terça-feira, 9 de junho de 2009

O dia de folga

Quando a manhã havia nascido ensolara apesar do dia frio de final de outono as nuvens, como é de costume destes seres de algodão, chegaram se arrastando pela fluidez dos céus. E, também como é costume que derramem chuva por aí, mesmo que todos tivessem programado atividade ao ar livre, corridas, pedaladas, crianças no parque, cachorro correndo atras de gravetos. Beleza, estragaram seu programa! Raios, raios duplos!! Literalmente...

Ok, temos cinco minutos para ficar nervosinhos. Tempoooo! "É sempre assim, quando me programo, quando tenho uma folga daquele emprego infernal, quando vou dar um relaxada tudo acontece de outra forma.... ô meu deus do céu!!!" Beleza, deu né?!

Agora dá uma olhada em volta. A chuva parou de cair? O tempo melhorou? Você pode sair para curtir uma tarde ensolarada junto aos seus amados? É meu amigo dessa jornada imaginária, a nossa indignação é como uma mosca sem asas - como disse o cara lá de Minas nos já distantes anos 90. Pode chorar. espernear, mas nada vai mudar só porque a gente deseja o contrário. Doa a quem doer, incomode a quem incomodar, certas coisas estão aí para serem aceitas. Não me entenda mal, para começo de conversa. Não estou falando que também não adianta se dedicar, trabalhar, usar de artimanhas, que somos incapazes de transformar e interagir com outros e como o mundo a nossa volta.

O lance, a parada, a coisa toda acontece assim: haviamos programado um passeio super bacana, mas para ser mesmo super bacana contávamos com a presença do astro rei. Mas como quem deu as caras foram as nuvens acompanhadas de uma inconveniente chuvinha, jogaram água no nosso chopp. Então ficou assim: desejamos algo, fizemos uma ação para realizar o que desejamos, mas... o fruto foi outro. Ou seja, quando fazemos uma ação podemos colher basicamente três frutos diferentes: o que estávamos esperando, melhor do que estávamos esperando, ou diferente do que esperávamos. Isso parece fazer sentido, não é?

Pô! Se não estivesse chovendo, se o dia estivesse ensolarado como desejamos no inicio iriamos para o parque ou para a praia aproveitar o abençoado clima tropical do Brasil. Isso se enquadra no primeiro caso citado no parágrafo anterior. Porém, contudo, todavia, se e se somente se quando chegássemos no parque, dia ensolarado, tudo indo como você imaginou logo pela manhã e ainda, ao se dirigir ao carrinho de pipocas e pedir aquele saquinho misto, com as salgadas por cima e a pipoquinha cor-de-rosa doce por baixo, o ilustre pipoqueiro anuciasse para quem quisesse ouvir que você é o centésimo cliente daquele dia, e que por isso irá ganhar não duas, mas três pipocas inteiramente grátis!!! Putz companheiro... isso é ainda melhor do que haviamos imaginado no inicio dessa conversa. Afinal três saquinhos de pipoca mista assim de graça não se consegue tão fácil hoje em dia, não senhor.

Ficou animadinho, eu sei. Mas nossa história é diferente. Tá chovendo cara! Não vem que não tem. Não vai ter parque nem praia, nem pipoqueiro gente fina. Life is a bitch! Chuva fina no seu parabrisa. O fruto de nossa ação, ou de nosso desejo, foi bem diferente do que queríamos. Resiguinarmo-nos seria a atitude adequada. Aceitar o que não pode ser mudado, nem mesmo alterado por nossas ações ou desejos.

Olha só, o exemplo acima é bem tolinho, mas se liga, isso acontece todo dia, toda hora com a gente. Neguinho trabalha, se esforça buscando um alvo fixo e preciso. O trabalho e dedicação são dignos, os projetos são dignos e corretos, é assim que deve ser. Contudo os frutos das ações não dependem de quem as faz. Cabe a cada um de nós entender e aceitar e ainda perceber que se está chovendo canivete lá fora no seu dia folga você ainda pode reunir amigos e amores em casa para uma boa massa, um bom vinho, quem sabe uma boa partida de Imagem & Ação.

4 comentários:

Rodrigo G. Ferreira disse...

Karma Yoga é possível toda hora! Bom trabalho em trazer para nosso cotidiano e linguaguem.

ana.. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ana.. disse...

Faça o que quiser
Viva o que vier
Seja onde estiver
Faça o que puder
Viva como der
Sinta o que vier
Seja o que quiser
Faça o que fizer
Pegue o que puder
Viva onde estiver
Seja como for, amor

Arnaldo Antunes / Hélder Gonçalves.

uma ótima música para acompanhar um ótimo texto :)

Anônimo disse...

Ciro adorei o texto, e encontrei vc nos textos do yoga.pro. Bom saber que a caminhada continua, adorei seus textos!
Abraço
Taís