sábado, 27 de junho de 2009

Texto do frio

Segue que é inversamente proporcional a leitura de poemas e a produção de reality shows pelos meios de comunicação. Isso não é um dado científico, antes que alguem possa perguntar. Isso é apenas observação. Ou você consegue puxar um papo sobre algo bacana numa roda de camaradas? Vale mais manter o tradicional futebol, TV, morte de algum astro que ninguém dava moral mas agora todos estão falando sobre.

Sem querer ser mau humorado, mas está complicado! Ninguém aqui está defendendo a intelectualização dos papos de buteco ou das rodinhas de fofoca. Isso seria um saco mesmo. Só que cada vez mais e mais cava-se em direção ao raso, intelectualmente e emocionalmente falando. Ligue a TV agora e faça o teste, ou mesmo compre uma revista semanal, ou o livro mais vendido da livraria do shopping. É só observar, olhar em volta com o olhar crítico. São cada vez mais raras as ilhas seguras para o desenvolvimento de temas um pouquinho mais elucidantes. O conhecimento está há um click de distância e mesmo assim continuamos a ligar a TV para assistir a novela ou ao jornal da noite e ter um apanhado mais superfecial de qualquer assunto.

Querendo, isto sim, ser astuto, apontar e analisar o que parece fora dos trilhos. Éramos um país de riqueza cultural ímpar e nos transformamos em mais um enlatado. O que antes era um carnaval multi fantástico virou um padrão de micaretas, o que antes era o futebol arte transformou-se em futebol tédio, nem mesmo os narradores conseguem disfarçar. E assim por diante, escolha o seu exemplo! Nas artes, na literatura, na música! Tendencias de mercado por todos os lados.

Não nos confunda com hippies ou saudosistas. A crítica aqui segue com os pés no chão. Vai evoluir, vai inovar, vai crescer e aparecer, então o faça com devoção e entrega a sua tradição de belas canções de chico, milton, gil e outros - só para citar a música. Tem muita gente boa por aí divulgando sua história virtualmente, livros, telas, peças, temas online. Mas precisamos de mais! Menos carbono, mais oxigênio. A poluição é total, nos ares, nas paredes, nas ruas, e principalmente nas mentes limitadas. Dê-se a chance de inovar, de tatear novas fronteiras, de fazer o inimaginável. De matricular-se naquela aula de canto, aprender a esculpir, aprender uma coisa nova que desde sempre você quis conhecer. Ou de que adianta um super computador operado sem um pouco de inspiração?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Está escrito por aí, afinal
tudo só vai muito bem
se um dia foi mal
coisas vão para um lado
se já foram para o outro
parece meio torto
essa forma de pensar
mas basta sentar e lembrar

Desde moleque quando ia brincar
no balanço, na gangorra ou pedal
para um lado ou outro
subindo ou descendo
com vento, com chuva, com lama
areia, terra vermelha ou preta
na roça, no asfalto, na garagem do prédio

Os piores tombos depois das melhores corridas
as caimbras mais violentas depois das melhores partidas
tomar uma porrada depois de uma boa briga
esconde, pega, corre, transpira, fica, instiga
e assim é, até o fim, a vida.

domingo, 21 de junho de 2009

Afim!

Estamos celebrando a capacidade de sermos amáveis. A necessidade de sermos permissívos. Estamos aprendendo a essência das artes diluídos em marés de emoções vindouras. Estamos seguindo em frente rumo a qualquer lugar diferente e igual. Ouvindo afrobeat! Cantando no tom que vocês pedirem. Dançando até o chão. Somos parceiros da vida escancarada. Lá fora faz um frio de verdade sob um sol de rachar, preambulos de dias poéticos que não vamos perder vendo outro replay na TV. Eu e os meus, os meus e eu. Estamos ganhando latitudes e longitudes globais seguindo em frente evitando enlatados mas comendo porcarias quando a fome pintar. Instigando a faculdade de nos apaixonar por tudo que pode vir as retinas. Escrevendo poesias, produzindo filmes, fazendo um som, grafitando, desenhando, mandando ver! Sentados vendo os outros correndo, correndo e vendo os outros dormir, dormindo em meio a festas lotadas. Estamos aí do seu lado rindo da sua cara para também poder rir da nossa. Acendendo velas e fazendo orações em linguas arcaicas. Elevando pensamentos e ações. Lendo, lendo e lendo de novo. Frequentando sebos e livrarias de shoppings. Praticando a união interna e externa do Ser com o seres. Sabemos que existe paz nas montanhas além, mas também sabemos que temos movimentar algo. Senão o bicho pega mesmo assim! Estamos bolando e tocando projetos de conscientização de valores imensuráveis que estão por aí desde sempre sem que a maioria de nós de muito valor. Estamos afim! Unindo talentos e celebrando nossas semelhanças e principalmente nossas diferenças. E ouvindo afrobeat! Adotando animais de rua, catando lixo nas praias, praticando a cortesia. Lavando a louça, o chão, as roupas... por lavar! Separando lixo físico, emocional e mental. A faxina é geral e nossa por opção. Desbravando o mundo mas pedindo benção aos pais porque deles sentimos saudades. Estamos amando, meu senhor.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

((( ame )))

que seja o seu cachorro
que seja a sua tia
que seja o amor de sua vida
que seja algo imensurável
que seja qualquer coisa
mas que seja amor

ame

seus livros usados
seus discos riscados
suas mp3s roubadas
suas roupas de grife ou de brechó
mas que tenha amor

ame

emane ame chame
clame reclame ame
ame e dê vexame
antes que chegue a tarde

(((ame)))

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sem condições

Absoluto, total, ilimitado e pleno. Sem questionamentos, sem perguntas limitadoras, sem dúvidas amedrontadas, sem viagem. Uma rendição incondicional ao efetivamente maior, magnânimo, intangivel, imensurável. Algo que se aceita e se vive, que não se define senão por superlativos e mesmo assim ainda limitados. Usa-se palavras porque palavras são um caminho de expressão. Usa-se o verbo pois o verbo representa uma ação. Usa-se a arte como uma valvula de escape para essa sensação. O texto, a tela, o pincel, a ponta do lápis, a corda do violão, a corda vocal, a mão na pedra, no mourão, no couro do instrumento, pintando, tocando, se expressando. O corpo rolando, dançando, correndo, tremendo, chorando, sorrindo, cantando. Telas, textos, canções, peças, representações, nada mais!

Uma maneira de expandir, de espalhar, de difundir, de continuar, e por fim exaurir. Dar vazão ao turbilão incontrolável, senão como limitar o ilimitado? Estúpido fato!

É maior e pronto. É mais forte e deu. É ele e não eu. Esse, o amor meu.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O caso do sonho de valsa

O sonho de valsa é uma unidade indivisível da matéria. Sério cara! Como o átomo, se o cidadão insistir em dividi-lo as consequências podem ser explosivas.

Imagina a cena, malandro tá no trabalho, fundindo a cuca para entregar aquele maldito relatório no prazo, quase sempre curto demais que o patrão, ou melhor, o sinhô estipulou. Lá pelas tantas já com a vista embaralhada, ele resolve dar um tempinho e vai até a lanchonete do terceiro andar para dar uma esticadinha na canela, desanuviar os pensamentos e quem sabe, se der sorte, trocar dois dedos de prosa com a simpática balconista do estabelicimento. Discretamente nosso funcionário padrão espreguiça o esqueleto, faz uma piadinha sem graça com o colega da mesa ao lado e sem muita pressa se dirige ao corredor, depois as escadas (porque de elevador é rápido demais) até finalmente chegar ao oasis das guloseimas entupidoras de veias. Nessa toada ele abaixa seu corpanzil para escolher melhor entre os salgados da estufa.

"- Ô Vanderlei, você de novo por aqui cara? Eu só dou azar mesmo! Você demitiu a Carol é? Já que é assim eu vou caprichar... Me vê um empanado de palmito, um suquinho de laranja sem açucar e um pãozinho de queijo para começar". Sem ligar muito para a provocação Seu Vanderlei separa o pedido e deixa com um pouco de desleixo em cima do balcão: "Tá aí campeão..." Com o olho brilhando e a boca salivando o responsável pelo setor administrativo faz seu sagrado lanchinho vespertino com toda poesia que se pode esperar de um momento como este. Pura magia! Como todo ritual sagrado que se prese, existe o momento do ápice, aquele instante de oferenda, êxtase: "Ô Vanderlei meu amigo, faz uma caridade para o seu brother de caminhada, me ajeita um cafezinho purinho e também um sonho de valsa para adocicar minhas idéias". Em menos de trinta segundos já está tudo arrumado, afinal a lanchonete pode ser pequena, mas o atendimento é de primeira.

Ahhh o café... Instante ímpar para aquele senhor de meia idade. E após o amargo, o doce, é claro! Olhar fixo na embalagem rosa que o acompanha desde a infância. A sensação do plástico desenrolando entre o indicador e o polegar de cada mão, o cheiro aguça os sentidos, a cor marrom, o chocolate começando a derreter, o verdadeiro prazer químico, o amor em pedaços... Eis que surge Dona Ruth! E com sua voz de cigarro faz o pedido infernal: "Oi querido, que bom te ver por aqui! Hmmm, que delícia esse sonho de valsa, me dá um pedacinho?!"

(Pausa para assimilar tamanha crueldade)

Como pedem a etiqueta e as boas maneiras, Gilson não pôde dizer não, mesmo que internamente o deseja com todas suas forças. Lá se foi o bombom para a boca de Dona Ruth. Três quartos a bem dizer. O que voltou foi um restolho esmigalhado, sem vida. Uma verdadeira tristeza.

Ao leitor fica o pedido de desculpas. Poderiamos aqui desenvolver uma conclusão lógica, baseada em conceitos filosóficos do oriente, coisas profundas da alma. Mas acreditamos que isso não se faz necessário. Fica aqui um pedido sincero: não parasite os momentos especiais de outros, não queira viver o que não é seu, não use da boa fé alheia para conseguir objetivos mesquinhos. Pense no nosso personagem acima. É de dar dó. não é? Situação dificil viu...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Escreveu Neruda

"El miedo es también un camino.
Y entre sus piedras pavorosas
puede marchar con cuatro pies
y cuatro labios, la ternura"

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Calo no dedo

Comecei a tocar violão na mesma época em que meus primeiros fios de barba começaram a aparecer. Lembro um dia, indo para a escola de carona com meus pais pensei comigo: "Ainda vou aprender a tocar algum instrumento". Não demorou muito e já estava numa aulinha lá no centro de goiânia para aprender os primeiros acordes. Quem toca sabe, no inicio os dedos não funcionam muito bem, e logo vem uma dor nos dedos de tanto ficar apertando aquelas cordas de nylon.

"É que você ainda não criou calos nas pontas dos dedos" - dizia meu professor. Ouvi aquilo e acreditei no cara. Para todo lugar que eu ia sempre levava a viola a tira colo, e com o tempo logo os calos surgiram, e quando exagerava umas bolhas de sangue também. Nada que fosse me matar, era apenas meu corpo se acostumando com o novo esforço, a nova maneira de trabalha-lo.

Os anos se passaram, continuei tocando, as vezes mais, as vezes menos, mas sempre tocando. Com passar do tempo me aproximei do yoga e quando dei por mim estava sentado no tapetinho emborrachado de prática, olhando para as partes desgastadas do mesmo e pensando: "Você ainda não consegue fazer esse asana com tranquilidade porque ainda nao criou 'calo no dedo'..." Como na música, a prática trazia os mesmos desafios, ser constante e ter compromisso até o corpo e a mente se acostumarem com a novidade. Até o corpo e a mente se sentirem a vontade para relaxar no que está sendo proposto. Até você conseguir superar tranquilamente e sem pressa as dificuldades que naturalmente surgirem.

Na música, depois que se tem o calo criado, você pode tocar por horas, esmiuçar o instrumento, fazer acordes acrobáticos, que mesmo assim tudo flui na cadencia da canção executada. No Yoga acontece algo semelhante, no asanas, nos pranayamas, em meditação. Quem nunca se deparou com alguma prática meditativa na qual a mente teima em não relaxar, em não se centrar no que é proposto, mas que depois de alguma insistência e um pouco de paciencia tudo parece encontrar seu espaço e seu momento para ser e acontecer. A prática constante dá resultado, e não precisa ser musico, yogui, ou qualquer sábio para chegar a essa conclusão. Em qualquer situação do dia a dia, em qualquer lugar, nas situações mais adversas, a prática somada a uma boa orientação é o melhor caminho para se dominar o que está sendo estudado.

terça-feira, 9 de junho de 2009

O dia de folga

Quando a manhã havia nascido ensolara apesar do dia frio de final de outono as nuvens, como é de costume destes seres de algodão, chegaram se arrastando pela fluidez dos céus. E, também como é costume que derramem chuva por aí, mesmo que todos tivessem programado atividade ao ar livre, corridas, pedaladas, crianças no parque, cachorro correndo atras de gravetos. Beleza, estragaram seu programa! Raios, raios duplos!! Literalmente...

Ok, temos cinco minutos para ficar nervosinhos. Tempoooo! "É sempre assim, quando me programo, quando tenho uma folga daquele emprego infernal, quando vou dar um relaxada tudo acontece de outra forma.... ô meu deus do céu!!!" Beleza, deu né?!

Agora dá uma olhada em volta. A chuva parou de cair? O tempo melhorou? Você pode sair para curtir uma tarde ensolarada junto aos seus amados? É meu amigo dessa jornada imaginária, a nossa indignação é como uma mosca sem asas - como disse o cara lá de Minas nos já distantes anos 90. Pode chorar. espernear, mas nada vai mudar só porque a gente deseja o contrário. Doa a quem doer, incomode a quem incomodar, certas coisas estão aí para serem aceitas. Não me entenda mal, para começo de conversa. Não estou falando que também não adianta se dedicar, trabalhar, usar de artimanhas, que somos incapazes de transformar e interagir com outros e como o mundo a nossa volta.

O lance, a parada, a coisa toda acontece assim: haviamos programado um passeio super bacana, mas para ser mesmo super bacana contávamos com a presença do astro rei. Mas como quem deu as caras foram as nuvens acompanhadas de uma inconveniente chuvinha, jogaram água no nosso chopp. Então ficou assim: desejamos algo, fizemos uma ação para realizar o que desejamos, mas... o fruto foi outro. Ou seja, quando fazemos uma ação podemos colher basicamente três frutos diferentes: o que estávamos esperando, melhor do que estávamos esperando, ou diferente do que esperávamos. Isso parece fazer sentido, não é?

Pô! Se não estivesse chovendo, se o dia estivesse ensolarado como desejamos no inicio iriamos para o parque ou para a praia aproveitar o abençoado clima tropical do Brasil. Isso se enquadra no primeiro caso citado no parágrafo anterior. Porém, contudo, todavia, se e se somente se quando chegássemos no parque, dia ensolarado, tudo indo como você imaginou logo pela manhã e ainda, ao se dirigir ao carrinho de pipocas e pedir aquele saquinho misto, com as salgadas por cima e a pipoquinha cor-de-rosa doce por baixo, o ilustre pipoqueiro anuciasse para quem quisesse ouvir que você é o centésimo cliente daquele dia, e que por isso irá ganhar não duas, mas três pipocas inteiramente grátis!!! Putz companheiro... isso é ainda melhor do que haviamos imaginado no inicio dessa conversa. Afinal três saquinhos de pipoca mista assim de graça não se consegue tão fácil hoje em dia, não senhor.

Ficou animadinho, eu sei. Mas nossa história é diferente. Tá chovendo cara! Não vem que não tem. Não vai ter parque nem praia, nem pipoqueiro gente fina. Life is a bitch! Chuva fina no seu parabrisa. O fruto de nossa ação, ou de nosso desejo, foi bem diferente do que queríamos. Resiguinarmo-nos seria a atitude adequada. Aceitar o que não pode ser mudado, nem mesmo alterado por nossas ações ou desejos.

Olha só, o exemplo acima é bem tolinho, mas se liga, isso acontece todo dia, toda hora com a gente. Neguinho trabalha, se esforça buscando um alvo fixo e preciso. O trabalho e dedicação são dignos, os projetos são dignos e corretos, é assim que deve ser. Contudo os frutos das ações não dependem de quem as faz. Cabe a cada um de nós entender e aceitar e ainda perceber que se está chovendo canivete lá fora no seu dia folga você ainda pode reunir amigos e amores em casa para uma boa massa, um bom vinho, quem sabe uma boa partida de Imagem & Ação.

sábado, 6 de junho de 2009

O simples objetivo

Muito se fala sobre os objetivos maiores, mais profundos, ou mesmo, as verdadeiras metas do Yoga em livros, aulas e palestras. Professores preocupados em transmitir essa tradição de forma fiel ao que lhes foi ensinado apontam para o conceito de libertação, de moksa, como o alvo que o yoguin deve atingir.

Partindo do denso para o sutil, como já sabemos, o estudante deve por seu corpo a prova executando asana, elevar seu nível de energia respirando nos pranayama, procurar adaptar seu estilo de vida ao que é sugerido nos conceitos apresentados nos yama e niyama. A partir daí o caminho mais interno, mais sutil, desta cultura milenar se abre de forma mais clara. Retrair os sentidos e focar a mente num único ponto até que essa concentração seja absoluta e contínua. Eis de fato uma prática completa de Yoga.

Os frutos em se superar caminho tão estreito e disciplinador são belos e estimulantes. Conhecer sua verdadeira natureza, conhecer o Ser, aquele que tudo permeia e a nada pertence, aquele que não é palpável, porém do qual fazemos parte como um todo absoluto. Não existe tesouro maior para um ser humano receber.

Contudo muitos não irão tão longe em suas práticas, muitos nem mesmo a começarão! Boa parte ficará perdida no labirinto do ego, acreditando em verdades tão confiáveis quanto anúncios de televisão. Outra parte terá como objetivo maior a elasticidade, a plástica dos asana, a vitalidade dos pranayama. O restante, que passou pelo funil, ainda percorrerá por desafios maiores. Acreditar que uma mente focada e extremamente sagaz seria a liberdade, e não perceber que um grande poder focado em motivações pouco nobres ou mesmo egoístas certamente causarão grande estrago para o praticante e também para outros.

Superar, deixar de lado, ter o poder nas mãos e com a humildade celebrada por nobres santos de desfazer do que poderia ser uma arma perigosa. Como um presidente de uma grande nação, como o herdeiro multimilionário que teria o mundo ao seus pés e mesmo assim procura adequar sua vida a um bem maior, o verdadeiro yogi supera a si mesmo provavelmente na maior prova de austeridade conhecida pela humanidade e, ao final, depara-se com a derradeira questão: se apegar a sua própria grandiosidade ou diluir-se no amor infinito do Ser primordial?

De cara ao espelho, como um narciso as avessas, este supremo praticante esta prestes a realizar o ato cabal de sua existência. Sair como a estrela do espetáculo para receber os louros e fama de um artista internacional? Ao fim, o oposto se realiza. Ele sai pelos fundos, horas depois do último espectador do espetáculo chamado vida, como um humilde faxineiro que encara seu rotineiro, pacato e árduo trabalho com naturalidade, e que acima de tudo tem a suprema consciência que tudo esta relacionado, sendo cada faceta do mesmo rosto importante e essencial como a face supostamente mais bela.

*artigo também disponível em www.yoga.pro.br